No plano econômico, apontaram os primeiros sintomas do desequilíbrio. Hipertrofia da produção, desocupação de massas humanas de inaudita densidade, inflações desvalorizadoras, isolamento de autarquias desconfiadas, concentrações poderosas de indústrias e de capitais a impor o jugo humilhante de suas ditaduras, eis algumas das manifestações patológicas de um organismo econômico profundamente atingido na vitalidade de suas funções. Ante as desordens deste caos, a ciência da economia, inspirada no liberalismo, revelou toda a fraqueza congênita de sua impotência. O seu homo oeconomicus era uma abstração nevoenta. As suas pretendidas leis científicas, que inspiravam ao rigor de leis naturais, não resistiram ao embate dos fatos. Faltou-lhes, na base, o contato com a realidade viva do homem e, nos cimos, a articulação com os princípios normativos da moral e da filosofia. E o desequilíbrio econômico perdura, angustioso e profundo.
(FRANCA, Leonel. A crise do Mundo Moderno. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1942, p. 4.)