segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um parágrafo do Padre Leonel Franca

No plano econômico, apontaram os primeiros sintomas do desequilíbrio. Hipertrofia da produção, desocupação de massas humanas de inaudita densidade, inflações desvalorizadoras, isolamento de autarquias desconfiadas, concentrações poderosas de indústrias e de capitais a impor o jugo humilhante de suas ditaduras, eis algumas das manifestações patológicas de um organismo econômico profundamente atingido na vitalidade de suas funções. Ante as desordens deste caos, a ciência da economia, inspirada no liberalismo, revelou toda a fraqueza congênita de sua impotência. O seu homo oeconomicus era uma abstração nevoenta. As suas pretendidas leis científicas, que inspiravam ao rigor de leis naturais, não resistiram ao embate dos fatos. Faltou-lhes, na base, o contato com a realidade viva do homem e, nos cimos, a articulação com os princípios normativos da moral e da filosofia. E o desequilíbrio econômico perdura, angustioso e profundo.
(FRANCA, Leonel. A crise do Mundo Moderno. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1942, p. 4.)